Por Kamalata Numa
Luanda, 05/12/2024
Anda por aí um áudio a viralizar!
Seja verdadeiro ou não, este áudio está a pôr em causa a soberania do Povo Angolano na sua relação com o governo americano.
O áudio diz que na área do Hotel Intercontinental a segurança americana estava a revistar o patrulheiro da Polícia Nacional de Angola.
Isso se passou de facto ou é um fake news?
Sendo verdade ou fake news, o governo de Angola deve vir à público esclarecer os termos de segurança negociados com os americanos sobre a estadia do Presidente Joe Biden à Angola.
Esta questão, faz-me recuar aos tempos da Resistência contra o social imperialismo soviético-cubano em Angola e África Austral, quando o Primeiro Ministro Peter Botha negociou com UNITA para visitar a Jamba.
Nas negociações havidas entre as partes, foi comunicado ao Dr. Savimbi que não se preocupasse com as questões da alimentação, talheres e loiça, bem como lençóis, colchões, etc.
A resposta do Dr. Savimbi foi assim: “se a visita é feita nestes termos, então, não se faça”.
Felizmente, os Generais Sul Africanos que mantinham contactos com a UNITA, convenceram o Sr. Primeiro Ministro à fazer a visita sem levar a logística preparada, o que foi feito. A delegação que visitou a Jamba teve que utilizar a logística organizada pela UNITA.
Afinal, qual das soberanias vale mais?
Será que vale mais a soberania dos Estados com poder nuclear e menos a soberania dos Estados sem esse poder?
O ataque da Federação Russa à Ucrânia segue exactamente a lógica da soberania do Estado não nuclear valer zero, tal como a soberania de Angola que deixa sua Polícia ser revistada no seu espaço territorial por seguranças em visita de Estado.
Por favor, o MPLA e os seus dirigentes já maltrataram e ultrajaram demais a soberania deste País, roubando dinheiro para ser domiciliado em Portugal e outros paraísos fiscais. Agora, esta da Polícia Nacional ser revistada no seu país, se for verdade, vai doer muito e por muito tempo.
A UNITA, teve no passado boas relações com o povo americano a quem deve, no esforço concertado e conjunto a participação da retirada dos soviéticos e cubanos de Angola, de transformação do regime de apartheid em Estado multipartidario, da independência da Namibia, da queda do Muro de Berlim e dos Acordos de Bicesse que transformaram a República Popular de Angola em República de Angola e Estado Democrático de Direito.
A UNITA durante anos teve na Jamba, uma representação americana, com quem manteve relações apropriadas na articulação dos interesses das partes.
A UNITA, com Adalberto Costas Júnior, tenho certeza que vai procurar aproximação com os EUA e outros povos do mundo na diplomacia de reciprocidade de vantagens, onde o projecto do Corredor do Lobito, na sua magnitude que interessa as partes, faça de Angola um Estado Democrático de Direito e não o contrário.
A geopolítica da soberania ou soberania da geopolítica nos entendimentos que representam, a geopolítica da soberania se refere à maneira como os Estados utilizam a geopolítica para afirmar e proteger sua soberania, enquanto que a soberania da geopolítica é interpretada de forma inversa. É interpretada como os interesses geopolíticos de um Estado têm poder sobre a sua soberania. Ou seja, na dinâmica de poder global, as relações internacionais e a localização geográfica de um país influenciam e, muitas vezes, limitam sua soberania. Aqui, a geopolítica é vista como a força que molda as decisões soberanas de um país, forçando-o a se submeter a influências externas, pressões económicas ou militares.
Nesta altura, em Angola, as decisões do governo de Angola são vistas para proteger o interesse de manutenção do regime político do MPLA/JLO e muito distante do interesse dos angolanos que querem um Estado Democrático de Direito, autarquias, emprego, bons salários, boa saúde e educação, políticas públicas para o empoderamento da mulher e da juventude.
Angola precisa de governança adulta que saiba fortalecer seu povo e instituições e não de governança partidária que defende os interesses do MPLA e deixa a Polícia Nacional de Angola ser revistada por uma Policia de outro Estado no seu próprio Estado. Logo, Angola necessita de liderança adulta na geopolítica da soberania.
OBRIGADO!