Saudações a todos e a todas que nos acompanham neste preciso momento.
Através da antena da Comercial Despertar, surgimos, na verdade, para apresentar o nosso ponto de vista, a nossa réplica relativamente aos pronunciamentos da Ministra da Educação, a senhora, Luísa Grilo.
Muito antes de dizer qualquer coisa, faço recurso a uma das suas frases.
Faço recurso a um dos seus enunciados:
“O bom jovem fica mesmo aqui e faz as críticas para melhorar o trabalho. Aquele que vai para o exterior não faz falta.”
Senhora Ministra, eu realmente gostaria de dizer que a senhora não pensou como alguém que quer ver um país desenvolvido, um país que valorize a sua força motriz, um país que olhe mais para dentro no sentido de edificação e construção da própria sociedade — mas sim como alguém que pensou tão somente naquilo que o sistema precisa realizar, naquilo que o sistema precisa materializar.
Se quisermos construir uma Angola melhor, ou ajudar o Estado angolano a se reencontrar e a oferecer aos cidadãos aquilo que eles merecem, a senhora devia estar a ajudar o Estado a compreender que não podemos permitir que a força motriz representada pela juventude seja desmembrada, que os jovens façam as malas e vão para o exterior à procura de oportunidades, enfrentando inúmeras vicissitudes. Esse seria o melhor conselho!
Mas, como estamos ainda no velho princípio de dividir para melhor reinar, quanto mais a juventude for embora, melhor será para aqueles que pretendem continuar a reinar e a oprimir o povo angolano.
É verdade que se calaram as armas, mas ainda não há paz, não há liberdade de expressão, não há respeito pelos direitos humanos.
Senhora Ministra, é urgente rever o que disse, porquê declarações como essa comprometem-nos a todas enquanto mulheres.
Nós somos símbolo de união. Somos símbolo de coesão. Nós somos símbolo de congregação. A mulher congrega, a mulher não dispersa. Não podemos dizer àqueles que foram: fiquem por lá, vamos trabalhar com os que ficaram. Não pode ser assim!
Angola precisa de todos os seus filhos para se levantar, se reerguer, e continuar a inspirar os jovens a sonhar e a ter esperança.
Somos mulheres. E não há melhor coisa que podemos fazer do que chamar-nos à razão e reconhecer quando falhamos.
Eu espero, sinceramente, que nos próximos momentos a senhora Ministra se retrate, para não perder a boa imagem e o bom trabalho que já vinha desenvolvendo até ao momento do referido pronunciamento.
Porquê , às vezes, num ápice, se deita tudo a perder. É importante que se reveja, senhora Ministra.
Os nossos filhos que hoje enfrentam o frio, que vivem ao relento, debaixo de pontes em outros países, também são nossos filhos.
Nós, enquanto Estado, enquanto mães, devíamos protegê-los aqui, no seio da família, no seio da pátria chamada Angola — e não vê-los a partir por falta de oportunidades.
50 anos de independência devem significar maturidade. Devem significar tranquilidade.
Devem significar liberdade de expressão — e não o que temos vindo a testemunhar.
Recentemente vimos ofertas de medalhas e reconhecimentos seletivos. Uns são valorizados, outros deixados para trás.
Isso vem se juntar ao espírito das medalhas.
Este merece. Aquele não. Ora, é o mesmo princípio do que foi dito:
“Aqueles que foram não fazem falta”.
Isso não pode ser dito por uma mãe!
Por isso, com todo respeito, reveja-te, senhora Ministra. Eu peço isso na qualidade de Mulher, como a Senhora.
E fico por aqui, esperando alguma transformação na forma como nos referimos dos nossos jovens.
Luanda aos 21 de Abril de 2025.
Liga da Mulher Angolana-LIMA