Jornalista denuncia omissão da imprensa pública e alerta para o desinteresse em aprofundar iniciativas da oposição, mesmo em momentos politicamente relevantes para a estabilidade do país.
O jornalista angolano Reginaldo Silva criticou duramente, durante uma entrevista à Rádio Ecclésia, a forma como a comunicação social angolana — especialmente os meios públicos — cobriu o recente encontro entre o Presidente da República, João Lourenço, e o líder da UNITA, Adalberto Costa Júnior.
Segundo Reginaldo, a reunião, considerada por ele como “o facto político da noite”, foi noticiada de maneira superficial e sem o merecido destaque editorial. “Não basta mostrar imagens e dizer que houve um encontro. Faltou análise, faltou contextualização, faltou o debate político que deveria ter sido promovido imediatamente após o acontecimento”, afirmou.
O jornalista denunciou o que considera ser uma prática recorrente da imprensa pública: a desvalorização sistemática das iniciativas da oposição. Para ele, esta postura mina o papel da comunicação social num regime democrático. “Se há análise para temas internacionais ou triviais, por que não há para acontecimentos políticos internos de alto impacto?”, questionou.
Reginaldo também lamentou o facto de Adalberto Costa Júnior nunca ter sido alvo de uma entrevista de fundo pela televisão pública, situação que considera “inaceitável num país claramente polarizado”. E alertou: “A ausência de espaços para a oposição nos canais públicos compromete a qualidade da nossa liberdade de imprensa”.
Para o veterano jornalista, o encontro entre os dois líderes tinha todos os elementos para gerar uma cobertura robusta e plural, capaz de reforçar a estabilidade política do país. Porém, a oportunidade foi desperdiçada. Ele apela agora a uma revisão urgente dos critérios editoriais nos órgãos públicos, para que deixem de tratar a política como um tabu e passem a desempenhar o seu verdadeiro papel: informar, analisar e servir o interesse público com isenção.
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