O CATEQUISTA, O PASTOR, O PADRE E O BISPO NÃO PODEM MENTIR!

General Abílio Kamalata Numa

Uma saudação especial as terras dos nossos ancestrais – Pungo a Ndongo!
Que colono tentou manietar no seu sonho de liberdade, mas que correu!
Que neocolonialismo vem tentando amarrar, mas que será em vão!
Pungo a Ndongo, tua liberdade é um sinal de unidade nacional.

CAMINHOS PARA CONSTRUIR A UNIDADE NACIONAL EM ANGOLA
Essa é uma questão profundamente estratégica e existencial para o futuro de Angola — num país que é, na verdade, uma pluralidade de povos, culturas, línguas e histórias, esmagados por séculos de dominação: primeiro colonial portuguesa e, depois, por uma nova hegemonia interna sob o comando do MPLA, cuja cultura política e institucional continua a ser autoritária, excludente e assimiladora.
Apresento aqui uma visão estratégica, dividida em pilares para guiar a (re)construção da unidade nacional real — não imposta, mas construída com base no respeito mútuo, na justiça histórica e na inclusão:

PRIMEIRO – RECONHECIMENTO DA PLURINACIONALIDADE
Angola precisa reconhecer-se como uma nação de nações — onde coabitam identidades étnicas e raciais como ovimbundu, kimbundu, bakongo, chokwe, nganuelas, nhaneka-humby, ngoyas, helelo, koy e san, ambó, entre outras.

Isso significa resgatar e valorizar as línguas nacionais, tradições jurídicas, instituições comunitárias e epistemologias próprias, dentro de um novo pacto constitucional.

SEGUNDO – JUSTIÇA HISTÓRICA E VERDADE
Uma verdadeira unidade só se constrói com reconciliação baseada na verdade. É preciso falar, sem medo, dos traumas: do colonialismo português, dos massacres pós-independência (como o 27 de Maio de 1977), da guerra civil, das perseguições étnicas, raciais e políticas.

Propor uma Comissão Nacional da Verdade, Justiça e Reconciliação, com autonomia real, participação das vítimas e apoio internacional.

TERCEIRO – DESCOLONIZAÇÃO DO ESTADO
O Estado angolano continua estruturado segundo a lógica colonial e marxista-leninista de centralismo autoritário e negação da diferença.

É urgente iniciar um processo de descolonização das instituições, começando por:

o Redefinir o papel das Forças Armadas e da polícia, afastando-as da tutela partidária do MPLA;

o Democratizar o sistema judicial e educativo, com base em múltiplas referências culturais;

o Substituir o modelo unitário e assimilador por um modelo descentralizado, federativo ou autonomista.

QUARTO – RECONSTRUÇÃO DA VIDA POLÍTICA EM LIBERDADE
A hegemonia do MPLA, mesmo em tempos de “multipartidarismo formal”, sufoca a pluralidade real. É preciso garantir:

o Liberdade total de associação, expressão e organização política;

o Fim do controle estatal dos meios de comunicação;

o Financiamento público justo e transparente dos partidos políticos;

o Igualdade de oportunidades no acesso ao poder político e económico.

QUINTO – ECONOMIA DO POVO, E NÃO DA OLIGARQUIA
A unidade nacional também se destrói pela injustiça económica: quando o petróleo de Cabinda não beneficia Cabinda, quando os diamantes das Lundas não beneficia todo leste, quando o sul é explorado e abandonado, quando o CFB, o CFL e o CFM não beneficiam os povos por onde passam, quando o mar de Angola e suas riquezas não beneficia os povos que aí vivem, quando as elites enriquecem e o povo passa fome;

Propor uma economia participativa e descentralizada, com orçamentos regionais, investimentos locais e retorno directo dos recursos às comunidades.

SEXTO – NOVA PEDAGOGIA NACIONAL
A unidade precisa ser ensinada com base no respeito pela diferença, não na negação dela.

Reformar o currículo escolar para:

o Ensinar a história real de Angola;

o Valorizar as culturas africanas e locais;

o Promover o multi-linguismo e o intercambio cultural entre regiões.

SÍNTESE: UNIDADE PELA DIVERSIDADE
Angola só será uma nação una quando aceitar e respeitar o facto de que é múltipla. O projecto do MPLA falhou porque tentou criar uma identidade única à força — pela doutrinação, pelo extermínio de adversários, pelo silenciamento das culturas locais.

A nova Angola precisa nascer de baixo para cima. Da escuta dos povos. Da partilha do poder (como tem defendido Adalberto Costa Júnior). Da reparação das injustiças.

A unidade nacional não é uniformidade — é pacto, é respeito, é convivência na diversidade.
Por isso, o Catequista, o Pastor, o Padre e o Bispo, são nossa reserva moral que não deve mentir ao dizer que Kamalata Numa foi capturado, quando não é verdade. Quem não percebeu o meu texto com o título “Miala, o mau do mal de Angola”, então fica só já assim!

Viva a União Nacional para Independência Total de Angola – UNITA!

OBRIGADO!

Por Kamalata Numa
Luanda, 14/04/2025

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