Poema de autoria do Dr Jonas Malheiro Savimbi.
I
Batuque velho, envelhecido no tempo Batuque envelhecido no tempo velho
É o batuque que foi sempre no tempo ido Tam-tam-tã-tã-tã-tam-tam
II
Quando negro nasce na floresta virgem
A alegria da aldeia no ar atinge
Com o batuque velho que anunciou a nova É no tam-tam que se reúnem os velhos Tam-tam-tã-tã-tã-tam-tam
III
Tocou assim o batuque velho de sempre
Tocou assim quando os velhos nasceram sempre Tocou sempre assim nos acontecimentos de sempre Tocou assim na floresta virgem de África misteriosa Tam-tam-tã-tã-tã-tam-tam
IV
Estrangeiro vê no batuque apenas música
Estrangeiro vê música exótica, pele e pau
Estrangeiro nunca entendeu mensagem do batuque velho Batuque que tocou sempre assim nos acontecimentos de sempre Tam-tam-tã-tã-tam-tam
V
Batuque velho no tempo envelhecido
Batuque velho na África negra misteriosa Batuque do pensamento velho na tradição velha Batuque da velha cultura no pensamento Tam-tam-tã-tã-tam-tam
VI
Criança adulta entra na sociedade adulta
Circuncisão velha tradição da cultura velha
Batuque velho acompanha natalidade e maturidade A dor! Batuque velho abafa! É crescimento Tam-tam-tã-tã-tam-tam
VII
Mancebo constitui família e avança
Avança na sociedade e no tempo
É o velho batuque envelhecido no tempo Saúda mais uma família e reúne os velhos Tam-tam-tã-tã-tam-tam
VIII
Quando o tempo envelhecer o homem no tempo
É o tam-tam que lhe descobre a doença
É o velho batuque que afasta a moléstia Num tam-tam frenético que supera o tempo Tam-tam-tã-tã-tam-tã
IX
Envelhecido no tempo o homem e batuque
Quando a vida parar é o batuque que despede
Num tam-tam triste e lento, procura no tempo o alento Ouve-se de longe o anunciar do infausto acontecimento Tam-tam-tã-tã-tam-tã
X
O nosso batuque velho da cultura velha no tempo
Quando chorei ver colonialista, chegar com tempo Batuque tocou assim sua última alegria
Num tam-tam de revolta não tinha ninguém em volta Tam-tam-tã-tã-tam-tã
XI
Quando Galo negro com Bandeira entrou
No Huambo, no Lobito, no Bié e Luanda também Batuque velho envelhecido no tempo acompanhou Num frenesim de alegria volvida no tempo Tam-tam-tã-tã-tam-tã
XII
O velho batuque do tempo ainda velho toca
Descobriu artimanha neocolonial que Angola toca Eram Tugas a fugir deixa lugar a Cubanos
Velho batuque a todos avisou com ritmo e dor Tam-tam-tã-tã-tam-tã
XIII
Hoje misturados tam-tam e tiros
Cadência do batuque velho e da Kalash nova
É o frenesim de uma Nação nova que nasce
Rodopiando no som do batuque velho envelhecido no tempo Tam-tam-tã-tã-tam-tã
XIV
Batuque velho no tempo velho na esperança
Kalash nova na Nação nova que nasce
Estrangeiro nunca entendeu a mensagem do batuque velho É no tam-tam velho que vai-se reunir a Nação Tam-tam-tã-tã-tam-tã
XV
Quando Galo negro com Bandeira ressurgir
No Huambo, no Lobito, no Bié e Luanda também Batuque velho envelhecido no tempo acompanhará Num frenesim de alegria volvida no tempo Tam-tam-tã-tã-tam-tã
XVI
Tocou sempre assim batuque velho de sempre
Estrangeiro vê música exótica, pele e pau
Tocou velho batuque nosso! Tocou aos finados Cubanos Tocou com frenesim, tocou alegria volvida no tempo Tam-tam-tã-tã-tam-tã
Feito no Cuando-Cubango em 1977
Dr. Jonas Malheiro Savimbi