Hoje, Portugal ficou às escuras — ou melhor, a luz foi-se em Portugal. Foi isso mesmo que ouvi da boca do primeiro-ministro, Luís Montenegro, que, em mensagem ao país, se dirigiu aos cidadãos para justificar a interrupção no fornecimento de energia eléctrica. Achei particularmente interessante o facto de ter referido que contactou o líder da oposição para debaterem o assunto. Afinal, noutras paragens, até situações como esta motivam o diálogo institucional entre os principais actores políticos.
Entre nós, angolanos, mesmo perante desafios nacionais de maior gravidade, o líder da oposição, Adalberto Costa Júnior, não é chamado a pronunciar-se nem a colaborar. Simplesmente, não é tido nem achado. Talvez por isso os problemas do povo permaneçam por resolver: não se procuram ouvir as ideias de quem se encontra na oposição. Esta persistente exclusão não contribui para a edificação de uma verdadeira nação.
Pergunto-me por que insistimos em ignorar o óbvio. O caminho para o desenvolvimento reside no diálogo permanente e inclusivo com todas as forças vivas do país. Não me venham dizer que esse diálogo se esgota no parlamento, onde cada partido defende os seus próprios interesses.
Importaria, sim, aprender com aqueles que, estando mais adiantados no percurso democrático, valorizam a concertação nacional como pilar do progresso.
Luanda, 28 de Abril de 2025
Gerson Prata
