Geralmente, quando os jornalistas dos órgãos públicos de comunicação entrevistam cidadãos com passagem pela UNITA, limitam-se a questionar os passivos do tempo da guerrilha – e nada mais. Já quando o entrevistado é alguém ligado ao MPLA, o cenário muda por completo: exaltam-se apenas os feitos. Nenhuma pergunta é feita sobre os seus próprios passivos. Esta prática vergonhosa de jornalismo parcial em nada contribui para a pacificação dos espíritos, tampouco para a construção de uma memória histórica honesta.
A imagem que veiculam sobre a Jamba é das mais degradantes possíveis. Pretendem fazer crer, àqueles que nunca lá estiveram, que aquilo era um inferno, onde nada de relevante se construiu. Omitem, de forma deliberada, os factos que não se encaixam na narrativa propagandística de quem detém o poder.
Os aspectos positivos da guerrilha não despertam qualquer interesse por parte dos jornalistas do ódio. Não querem saber, por exemplo, que na Jamba – capital das chamadas Terras Livres de Angola – não havia crianças de rua, nem na rua nem fora do sistema de ensino, apesar das duríssimas condições impostas pela guerra. Muitos de nós estudámos desde o Pré-Escolar até ao 9.º ano na Jamba. Hoje, com o que aprendemos naquela altura, estamos em Luanda a contribuir para o desenvolvimento deste nosso belo país.
Os nossos jornalistas também não se interessam em investigar como estavam estruturados os serviços de saúde. Na Jamba, nunca ouvimos falar de surtos de cólera, nem de outras doenças provocadas por falta de saneamento. Os médicos e enfermeiros tratavam-nos com humanismo e dedicação. O próprio Dr. Savimbi fazia questão de efectuar visitas-surpresa às enfermarias, conversando com os doentes e com o pessoal clínico.
Quem viveu na Jamba sabe que não estou a inventar nada. Relato apenas a verdade e só a verdade. Não tenho qualquer interesse em deturpar os factos, pois sei que seria prontamente desmascarado.
Felizmente, com o advento da internet e das redes sociais, os angolanos vão tendo acesso aos discursos do Dr. Savimbi e vão compreendendo melhor o projecto político que ele tinha para Angola.
Actualmente, são poucos os que ainda se deixam enganar pela propaganda hostil, que visa dividir para melhor reinar. Pouquíssimos angolanos levam a sério entrevistas e reportagens feitas por quem tem olhos apenas para os erros de um lado.
Quer se queira, quer não, é inegável que, na Jamba, se realizou um trabalho sério. Foram forjados homens e mulheres. Muitos dos que por lá andaram são hoje o que são graças, também, àquela grande escola da vida.
Voltarei…
Luanda, 12 de Maio de 2025
Gerson Prata