Angolanas e angolanos,
Caros compatriotas!
Queiram em primeiro lugar aceitar os nossos melhores cumprimentos.
Realizamos esta conferência de imprensa para em poucos minutos fazermos o balanço da marcha realizada pela FPU, no pretérito dia 23 de Novembro do ano em curso, sob o Lema: POR UMA ANGOLA LIVRE DA FOME, DA POBREZA E DA VIOLAÇÃO SISTEMÁTICA DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO.
As razões da marcha:
- O problema gritante da fome que afecta perto de 9.000.000 de angolanos (dados fornecidos pela FAO, UNICEF e CEIC), sendo que este fenómeno é verificável um pouco por todo o país e não apenas na capital, Luanda.
- A pobreza que cresce todos os dias e afecta cerca de 17.000.000 de angolanos;
- O alto custo da vida, caracterizado pela alta dos preços dos produtos essenciais;
- Violação aos direitos humanos, as liberdades fundamentais do cidadão e a existência de presos políticos nas cadeias de Angola;
- O desrespeito à vontade popular expressa nas urnas. A recente aprovação da composição da Comissão Nacional Eleitora é um exemplo desse desrespeito;
- A não realização das eleições autárquicas (todos os processos relativos ao processo encontram-se engavetados na Assembleia Nacional).
Agora mesmo está em discussão o OGE 2025, mas não se acham na proposta programas concretos virados ao combate à fome, nem para a realização das autarquias locais.
Essas são as razões que justificaram a marcha de sábado último, dia 23 de Novembro.
A Participação:
A marcha teve uma boa participação dos cidadãos, sobretudo da Juventude, que esteve em peso, activa, voluntária e entusiasmada, mas é fundamental uma participação cada vez maior de todos os cidadãos, para juntos protagonizarmos a alternância e mudar a postura de quem governa.
A Frente Patriótica Unida regozija-se e manifesta a sua gratidão a todos e a cada um dos soberanos cidadãos angolanos pela expressiva presença e participação da marcha. Dá uma nota bastante positiva à conduta de rigor e respeito dos manifestantes às instituições republicanas que devem sempre retribuir, com uma postura positiva, em vez de assumirem uma atitude musculada contra pacatos cidadãos.
Aspetos menos bons:
- A presença excessiva e ostensiva de forças especiais da Policia Nacional;
- O bloqueio das ruas pelas quais passaria a marcha, violando as rotas pré-estabelecidas na reunião com o Comando Provincial da Polícia, para o itinerário da mesma;
Perante este facto devemos:
- Sensibilizar a polícia que não deve nunca obstruir a liberdade de manifestação dos cidadãos, por qualquer via.
- O trabalho da polícia é assegurar a marcha dos manifestantes, garantindo a ordem e segurança da mesma. Nunca servir de obstáculo ao exercício de um direito constitucional;
- Referir que foi preciso segurar e travar a juventude que estava na eminência de desafiar a barreira da polícia na passagem aérea da unidade operativa, uma vez que esta era a rota efectivamente combinada;
- Lamentar o tratamento desigual que a polícia tem dado às marchas organizadas pelo partido no poder, em relação às organizadas pelos partidos na oposição e pela sociedade civil. Exige-se da polícia tratamento igual dos cidadãos e das instituições que asseguram a participação cívica dos cidadãos na vida política, nos marcos da constituição e da lei.
Angolanas e Angolanos,
Senhores Jornalistas,
A fome em Angola é um facto, é real e não relativa.
A caminho dos 50 anos de Independência, com 22 anos de paz, nossos concidadãos recorrerem e disputam contentores de lixo para poderem comer alguma coisa. Isso não deve deixar ninguém sossegado. Nem mesmo a polícia, muito menos os dirigentes deste país.
O problema é grave. O país precisa de medidas efectivas e sustentáveis de combate à fome, começando por investir fortemente em infraestruturas que estimulam a produção e encorajam o investimento.
Apelamos, mais uma vez, que a polícia deve ser uma instituição amiga do povo, que proporciona confiança dos cidadãos. É esta a postura que a deve caracterizar em todas as circunstâncias.
Reafirmamos enquanto FPU, o nosso compromisso de juntos continuarmos a trabalhar para uma Angola de paz, liberdade, saúde, trabalho e pão para as famílias; enfim, uma Angola livre da pobreza, da fome e do medo.
Viva Angola!
Luanda, 27 de Novembro de 2024
Muito obrigado!