COMUNICADO DE IMPRENSA

“SOBRE O SURTO DE CÓLERA QUE SE REGISTA PRESENTEMENTE EM ANGOLA”

O Governo Sombra da UNITA (GSU) tem estado a acompanhar com enorme preocupação o desenvolvimento epidemiológico do surto de cólera, cujo primeiro caso foi confirmado a 7 de Janeiro do presente ano, numa altura em que já se tinham registado 5 óbitos e 25 casos suspeitos da doença. De acordo com o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde de Angola, até a semana que terminou, foram identificados cerca de 170 casos suspeitos, 30 casos confirmados e registaram-se 15 óbitos, assolando localidades limítrofes das províncias de Luanda, Icolo e Bengo e Bengo, o que reflete o rápido progresso do surto e disseminação da doença.

O Governo Sombra da UNITA lamenta profundamente pelo facto de, apesar de estarmos há pouco menos de 5 anos para o fim da Agenda 2030 dos Objectivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), em que Angola é subscritora, ainda se registam casos de cólera no país, doença considerada como consequência do mau saneamento do meio e da extrema pobreza, dando sinais que o país está de marcha contrária em relação aos compromissos internacionais. Lembrar que foi há 8 anos que o país registou o último surto de cólera, afetando as províncias de Cabinda, Luanda e Zaire com um total de 252 casos e 11 mortes, entre 2016 e 2017, facto que reflete regressão acentuada da qualidade de vida das famílias nos últimos anos e consequente desestruturação do tecido social a nível das comunidades, aspecto que contraria os ODS.

O Governo Sombra da UNITA endereça palavras de consolo às famílias que perderam os seus ente queridos e de encorajamento à população que ainda vive em situação de alto risco sanitário, apelando à observância rigorosa das medidas de biossegurança orientadas pelas autoridades sanitárias.

O Governo Sombra da UNITA entende que os surtos recorrentes de cólera são a consequência directa da inversão gritante de prioridades em saúde, sendo notórios maiores investimentos na rede terceária de saúde em detrimento dos cuidados primários de saúde. Curiosamente este surto coincide com uma quebra no fornecimento de água nestas zonas afectadas que já dura há mais de três meses.

O país precisa urgentemente de um novo paradigma face às condições precárias em que vive a grande maioria da população residente em zonas suburbanas, pelo que, exorta o Governo de Angola que se comprometa com a materialização das seguintes medidas:

• Reformulação urgente do plano de distribuição de água potável, de modos a garantir que a água potável chegue de facto até à última localidade, pois, a água é o recurso natural que mais abunda em
• É urgente que se façam maiores investimentos em saneamento nos grandes centros urbanos e não só.
• Fomento da informação sobre a cólera a nível das comunidades mais vulneráveis, porque se melhorarmos o conhecimento por parte das populações, concernente ao tratamento adequado da água para o consumo, minimizaremos o risco da disseminação da doença.
• Fortalecimento do combate à carência nutricional que actualmente devasta a grande maioria da população vivendo em zonas de risco, uma vez que a desnutrição torna o indivíduo mais vulnerável a contrair esta doença.

O Governo Sombra da UNITA encoraja também os profissionais de saúde que muito têm feito para salvar as populações afectadas pela cólera, a redobrar os seus esforços, apesar do elevado risco que correm no decurso desta actividade.

Angola tem tudo para não ter cólera; lutemos todos para um novo paradígma com melhor saneamento básico, com melhor segurança alimentar e com água potável para todos os angolanos.

Luanda, 13 de Janeiro de 2025

O GOVERNO SOMBRA DA UNITA