ANGOLA PRECISA DE SINODALIDADE POLÍTICA SEQUESTRADA PELOS RADICAIS DO MPLA

Gen. Abílio Kamalata Numa

Nos extremos se clama, no centro se constrói

Presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior, não se canse. A perseguição que enfrenta não é por acaso: ela decorre do facto de o Senhor se recusar a compactuar com o jogo de manutenção do poder protagonizado pelo MPLA.

Não é nos extremos onde se faz a política. É nos extremos onde se busca a política que deve ser feita no centro.

Esta frase sintetiza, com precisão e profundidade, um dos maiores desafios das democracias contemporâneas: como transformar o clamor dos extremos em soluções políticas efectivas. Essa afirmação não é apenas uma observação pontual; é um convite à reflexão sobre o papel da moderação, do diálogo e da construção colectiva na vida política.

Na sociedade actual, marcada por tensões ideológicas e polarizações crescentes, os extremos — tanto à direita quanto à esquerda — frequentemente dominam o debate público. São nesses lugares simbólicos que emergem as vozes mais exaltadas, as reivindicações mais urgentes e as denúncias mais agudas das injustiças. Os extremos, nesse sentido, cumprem um papel importante: são sensores sociais, alertando para desequilíbrios que não podem ser ignorados.

No entanto, a política verdadeira — aquela que transforma, organiza e constrói — não se faz nesses extremos. É no centro que as ideias são confrontadas de maneira construtiva. É no espaço do equilíbrio que se encontram soluções viáveis, sustentáveis e inclusivas. O centro aqui não é a neutralidade cobarde, tampouco a acomodação. É o espaço da mediação activa, do compromisso, da capacidade de escutar sem se render e de propor sem excluir.

Infelizmente, vivemos em Angola um tempo em que o centro político tem sido confundido com indecisão ou falta de posicionamento. Mas há uma diferença crucial entre moderação e omissão. O centro é um campo de responsabilidade, onde se escutam os gritos dos extremos para traduzi-los em políticas públicas, reformas estruturais e avanços reais.

A sabedoria política está, portanto, em reconhecer os extremos como sinais de alerta, mas não como guias de acção. A radicalização pode ser um impulso legítimo diante da injustiça, mas não pode substituir o trabalho paciente da política. Esta exige escuta, negociação, renúncia parcial de interesses e, sobretudo, compromisso com o bem comum.

Ao reafirmar que “é nos extremos onde se busca a política que deve ser feita no centro”, oferece-se uma bússola ética para tempos difíceis. Lembramos que a política não é uma arena de destruição mútua, mas um espaço de construção colectiva — e essa construção precisa de pontes (sinodalidade), não de muros.

OBRIGADO!

Luanda, 16/05/2025

Por Kamalata Numa

Compartilhe.

Facebook
X
WhatsApp