A Política do Cada Um por Si, Deus por Todos

A União faz força

As movimentações político-partidárias dos últimos dias têm demonstrado que o provérbio “cada um por si e Deus por todos” — ou “cada um puxa a brasa à sua sardinha” — continua a ditar as regras do jogo na política nacional. A continuar assim, tornar-se-á difícil conquistar o poder político.

Felizmente, o maior partido na oposição continua a insistir na tecla da unidade dos patriotas angolanos face aos desafios da mudança em 2027. É a mudança que importa; e, desta vez, será mesmo de vez. Porque, neste preciso momento, a oposição encontra-se em vantagem relativamente ao partido da situação. O actual Executivo não fez o suficiente para merecer o voto popular nas próximas eleições gerais, uma vez que a vida dos angolanos piorou nos últimos anos.

A pobreza é uma realidade. Actualmente, algumas crianças do Cunene encontram-se nas ruas de Windhoek com a mão estendida, a pedir esmola. É uma situação vergonhosa para um Estado que gasta milhões de dólares em carros de luxo para os seus governantes, enquanto crianças do sul de Angola pululam pelas ruas namibianas — como lembrou, há dias, o ex-Presidente da Namíbia, Hifikepunye Pohamba, ao aconselhar o Presidente João Lourenço a criar condições dignas para as crianças angolanas em solo angolano.

O MPLA, com o peso dos anos de governação que carrega aos ombros, tem revelado cansaço e indiferença face à degradação da situação económica e social do país. Até parece ter ficado sem ideias. Repetem-se erros, nalguns casos mais graves do que outrora. Ainda assim, os governantes não demonstram qualquer vontade de largar o osso. Um deles chegou, inclusive, a afirmar: “governar kuia…”

A UNITA, por seu turno, dá sinais de prontidão para governar. E não quer governar sozinha. Foi isso que demonstrou em 2022, ao mobilizar as forças vivas da Nação em torno da Frente Patriótica Unida, numa altura em que poderia muito bem ter concorrido isoladamente. Ao abrir as suas listas de deputados a elementos de fora, a UNITA deu um claro sinal da intenção de formar um governo inclusivo e participativo. Também, para provar aos angolanos que está realmente pronta para governar, criou o Governo-Sombra, com Raul Taty como Primeiro-Ministro, e um programa de governo centrado na pessoa humana, na valorização da mão-de-obra nacional e no respeito pela coisa pública.

É assim que se deve proceder: mostrar ao eleitorado que se está preparado para assumir, com as demais forças políticas e da sociedade civil, os destinos desta nossa grande Nação.

Nestas alturas de certa agitação política, em que alguns procuram posicionar-se para puxar a brasa à sua sardinha, é preciso muita calma, elegância, respeito, polimento e contenção nas palavras. O partido-Estado joga melhor quando consegue pôr os opositores uns contra os outros.

A união faz a força!

Luanda, 22 de Maio de 2025
Gerson Prata

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